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sábado, agosto 19, 2006

"Mar a Arder" uma das mais magníficas e deslumbrantes maravilhas da Natureza

Noctiluca scintillans


A Costa de Sesimbra é um dos poucos lugares do planeta onde é frequente assistir-se a um magnífico espectáculo de luz: a Bioluminescência.
Explicar por palavras o que é uma noctiluca é muito difícil. Mas, da forma mais simples, são minúsculas algas que brilham quando se faz algum movimento na água do mar, à noite. Essa não é uma explicação nada técnica, mas é uma forma simples de explicar.
Quando se tem a sorte de se encontrar uma grande concentração destes organismos, tudo se torna mágico! O simples acto de tocar na água faz parecer que emanamos luz das mãos, o barco a navegar lembra uma nave espacial luminosa, os peixes a nadar deixam rastos de luz, como se fossem estrelas cadentes. Mas o mais espectacular é quando nadamos no meio deles, o nosso corpo fica luminoso, como nós fossemos seres luminosos que vagueiam na imensidão do mar escuro.



Efeito quando se mexe na água

Cada centelha provém de um organismo unicelular chamado noctiluca que brilha quando perturbado, mas porque será que brilha?
O noctiluca é comido pelos camarões. Continuam a brilhar mesmo dentro deles, o seu espectáculo de luz não passa despercebido ao predador dos camarões: os chocos. O aspecto do noctiluca começa então a fazer sentido, o choco não consegue encontrar o camarão na escuridão total, o camarão está a salvo se se manter imóvel, mesmo com as pupilas dilatadas o choco não consegue ver nada, mas, se o camarão se mexer, o noctiluca brilha e ilumina-o e agora o choco já o consegue ver. O noctiluca denuncia a presença do camarão, atraindo o choco com os seus raios florescentes, o noctiluca protege-se do camarão. O choco, ao caçar o camarão, é aliado do noctiluca. É o jogo do rato e do gato, e o camarão não tem qualquer hipótese: se permanecer imóvel não pode comer o noctiluca e, se se mexer, um rasto brilhante atrai o choco. Para o camarão, caçar o noctiluca constitui um desafio arriscado; o choco ganha uma refeição, mas o verdadeiro vencedor é o noctiluca. Cada camarão eliminado torna a vida mais segura para o minúsculo organismo. O alarme contra ladrões do noctiluca salva-lhe a vida, mas cada faísca minúscula não está ciente da estratégia defensiva programada nos seus genes.



Aspecto de um peixe a nadar

2 comentários:

Profundezas disse...

Na realidade as Noctilucas não são bem algas, são organismos flagelados unicelulares primitivos, pertencentes ao grupo dos Dinoflagelados. A colocação dos dinoflagelados no grupo das algas é controverso, uma vez que nem todos possuem cloroplastos, como é o caso das Noctilucas! O magnífico espectáculo com que nos brindam em algumas noites de Verão não passa de uma reacção química, a fosforilação de uma proteína, a Luciferina passa a Luciferase, como resposta ao movimento das águas. Na Realidade também não pode afirmar que se trata da espécie a que se refere, uma vez que existem várias espécies que produzem este tipo de fosforescência, sendo a mais comum na costa Portuguesa a Noctiluca miliaris. De notar que existem várias larvas de insectos que produzem o mesmo efeito nas grutas (infelizmente e até à data, tal apenas se verifica na Nova Zelândia)...

Profundezas disse...

De notar também que o referido espectáculo deslumbrante a que se refere não ocorre nem de perto nem de longe apenas na costa de Sesimbra como afirma, é muito comum ao longo de todas as costas oceânicas do mundo, na nossa costa verifica-se com mais frequência no Verão porque o aquecimento das águas favorece a ocorrência de blooms. Mas sem dúvida que o mais deslumbrante espectáculo de florescências de dinoflagelados que vi na minha vida foi a bordo de um veleiro ao largo do Sado, ver o rasto deixado por um golfinho em águas superpovoadas por Noctilucas é um espectáculo inesquecível. Sorte dos que as podem observar com frequência. Cumprimentos. SR